El pasado año Uruguay recibía la visita de nuestro ilustre hermano Vitor Ramil.
Por problemas de agendas no pudimos encontrarnos para manifestarle nuestra admiración hacia su trabajo y documentar algo que tan exquisitamente hicieron nuestros hermanos del Canal Encuentro y que hoy lcompartimos, por lo que de aquel encuentro inicial aún pendiente, pudimos enviarle un mail con algunas de las preguntas..., compartimos sus respuestas.
Cual sería la síntesis de tu libro "Estética del Frío"
Trata-se do relato inicial da busca de uma expressão artística sul-brasileira entremeada de reflexões sobre nossa história, nossa cultura, nossa identidade. Parto de uma mudança de perspectiva: olho para o Rio Grande do Sul (extremo-sul do Brasil, lugar que simboliza e é simbolizado pelo frio no contexto de um país que ostenta, querendo ou não, a imagem de um país tropical) não como um lugar está à margem de um centro (o eixo Rio-São Paulo, comumente chamado de "centro do país"), mas no centro de uma outra história (vejo o Rio Grande do Sul num centro estratégico entre Uruguay, Argentina e o grande Brasil "tropical", lugar de confluência dessas três culturas). Essa busca passa por uma luta contra os estereótipos de brasilidade e gauchismo (o gaúcho é uma marca de identidade nossa, em certo sentido, bastante redutora. a palavra "gaúcho" tornou-se um gentílico, refere-se a todos os moradores do estado do Rio Grande do Sul, não só ao homem do campo).
3) Esta concepción que hermana entonces a Riogrande do Sul, con Uruguay y parte de la Argentina, parte desde ahí este trabajo tuyo "Debilab"? Es una especie de continuidad si se quiere de aquello?
E irmana também o dito Brasil "tropical". Sim, délibáb busca essa expressão não estereotipada do Sul através da obra de dois poetas e da musicalidade minha e de Carlos Moscardini. Note-se que João da Cunha Vargas, um dos poetas, fala do mundo do gaúcho, que foi seu próprio mundo. Ao incluí-lo, demonstro que, ao questionar o estereótipo do gaúcho eu não tenho necessariamente que tentar negar a figura dele. Entendo que o gaúcho e seu mundo fazem parte do nosso imaginário. Não podemos negar isso sem mentir para nós mesmos. Apenas quero dar a ele um lugar que me pareça mais próximo do que ele representa em realidade. Ao cantar o mundo do gaúcho eu não "finjo" ser este personagem. Canto-o com emoção, mas com uma expressão minha de homem urbano do século XXI, de artista formado por muitas linguagens artísticas; canto-o com o mesmo tom com que canto o mundo do compadritos de Jorge Luis Borges. Sinto-me com direito tanto ao imaginário do gaúcho como ao de Borges, bem como ao das milongas e de outras músicas e poesias que reverberam na forma como faço essas milongas. Délibáb significa espejismo, na etimologia, ilusão do sul. Também no aspecto formal, acho que o disco expressa bastante bem minha busca da nova expressão sul-brasileira a que me referi antes. Essas milongas tem muito da canção brasileira, de João Gilberto, da música negra, até do rock. E, claro, tem muito da própria milonga, do tango, do espírito sureño. Tudo isso se traduz na forma como tocamos as guitarras, como canto, além de estar nas melodias, harmonias e letras.
4) Háblanos del crossfunding y tu próximo trabajo.
O crowdfunding está sendo uma experiência maravilhosa. Através dele, aproximei-me muito do meu público, que tem acompanhado quase em tempo real a produção do disco. Minha responsabilidade artística aumentou enormemente. O disco reunirá 32 músicas minhas, principalmente canções, já gravadas em outros discos meus (todas estarão também no meu songbook que sai em outubro deste ano). Regravei-as com participações de músicos e cantores com quem tenho colaborado ao longo dos anos ou com quem gostaria de colaborar, entre eles: Carlos Moscardini, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Fito Paez, Marcos Suzano, Pedro Aznar, Santiago Vazquez, Kleiton e Kledir, uma lista grandes de artistas incríveis, que estamos divulgando aos poucos.
4) Que sientes al estar en estas costas orientales del sur, relacionarte con la gente, como nos ves?
Bem, meu pai é uruguaio, meu avô paterno era espanhol. Minha avó materna também é uruguaia. Escuto o espanhol em minha casa desde criança. Passávamos nossas férias de inverno em Montevideo. O primeiro LP (Crosby, Stills, Nash & Young) e o primeiro livro de poesia (Neruda) que comprei com meu dinheiro foi em Montevideo. Minha casa é repleta de objetos da feira de Tristán Narvaja. Meu pai, que era um homem muito fechado, mudava o semblante quando cruzava a fronteira a caminho do Uruguay, ficava feliz, sorria até. Como achas que posso ver vocês senão com essa mesma alegria e com muito afeto?
Alvaro MoureDirector
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